quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"A espera é só o tempo de deixar crescer aquilo que há de ser..."

“Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter conosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios (trens) e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver”.

(Diário da tua ausência - Margarida Rebelo Pinto)







"Nem sempre preciso de te ver, porque o amor que cega e ensurdece também mostra coisas que mais ninguém vê e eu vejo-te a trabalhar, a olhar para o relógio, a ver as horas a passar e a contar os minutos que faltam para que te abram o vidro do mostrador e resgates a tua liberdade, e depois vejo-te a entrar no carro e a abrir a janela, respirando fundo o ar que te traz até mim, anunciando na brisa mais inesperada o teu regresso a casa.

São sempre compridos mas sempre cheios, porque mesmo sem estares aqui os enches com a tua voz, que ficou pendurada num quadro, ou o teu sorriso, escondido entre dois livros, fica tudo guardado e registrado, é assim o amor, guarda sempre o melhor, por isso quando chegas, meu amor, pareces o ponteiro dos minutos, o mais ponderado porque se se atrasa não é grave como o das horas e se se adianta não é impaciente como o dos segundos e eu sou como a mulher do guerreiro, a vida ensinou-me a esperar, a compor fio a fio num enorme tear um manto que estará sempre meio bordado e meio por bordar, só para te poder ver chegar.
Por isso não corras, não te apresses, não partas o vidro do mostrador antes da hora, não te entristeças com a distância nem sintas pena de mim por te esperar tanto, porque o tempo é sempre pouco quando sei que estás próximo, os dias bons são os que te trazem até mim e todos os dias me trazem sempre algo de ti."

(O fim dos dias – Margarida Rebelo Pinto)

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